quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Preocupação é cuidado? Tranquilidade é desleixo?

Resolvi escrever sobre conceitos por uma razão simples: nossas ideias influenciam diretamente nossos comportamentos e, sendo assim, os conceitos nos quais acreditamos estimulam nossas condutas que, por sua vez, determinam os resultados que colhemos. 

Então, se seus resultados não te agradam, talvez seja uma boa estratégia analisar suas ideias.

O foco de hoje serão as ideias que algumas pessoas excessivamente ansiosas (um pouco de ansiedade é normal) podem ter.

Embora seja incômodo ficar ansioso, essas pessoas podem relutar em deixar de dar ouvidos à ansiedade. É estranho ler isso? Eu não acho. Na realidade, essa relutância me parece bastante coerente se partirmos de dois princípios:

ser preocupado = ser cuidadoso

ficar tranquilo  = ser desleixado


É possível que muitas pessoas pensem deste jeito porque ser cuidadoso costuma ser visto como ser precavido, ter cautela, se ocupar com os detalhes a fim de colaborar para que as coisas aconteçam corretamente. Uma pessoa cuidadosa pode ser descrita como aquela que se envolve com o que precisa ser feito, é responsável e se planeja

Agora, vamos à definição do que é ansiedade (caro leitor, essa é a minha definição, fruto de anos de experiência clínica e muitas leituras, mas está longe de ser algo definitivo): a ansiedade é uma emoção que resulta de uma tendência a superestimar os perigos e desafios e a subestimar os recursos que a pessoa tem para lidar com aquilo. Na prática, a ansiedade faz com que se foque no pior que pode acontecer de forma repetitiva, muitas vezes levando à paralisia, à procrastinação e ao desgaste mental e físico. Ao tentar abarcar todas as possibilidades de erro, a pessoa pode deixar passar o principal, sendo negligente ou, então, botando os pés pelas mãos.

O que é ser desleixado?
Essa definição é bem mais simples: basta não se importar mesmo, não se inteirar do assunto nem fazer nada a respeito; é o mesmo que deixar pra lá: "na hora eu dou um jeito". É não se preparar de nenhum jeito nem contar com a ajuda de ninguém. Mas, aí, você pode me perguntar: "uma pessoa assim não é tranquila, Ana?" Sim! Costuma ser, mas até os 40' do segundo tempo, quando ela realmente precisa colocar a mão na massa e surge o desespero. 

Agora, o que é uma pessoa calma? Neste texto, vou considerar como sendo alguém que aprendeu a lidar com a ansiedade e que tende a ser mais realista. Em outras palavras:  aquele que avalia a situação e resolve se focar nos desafios e ameaças mais prováveis, fazendo algo a respeito na maioria das vezes. Em relação às outras coisas que podem dar errado, até olha pra isso, mas não costuma se estender. Em geral, tem algum nível de organização e planejamento até o ponto em que isso ajuda a aumentar a produtividade. Mesmo com todos estes cuidados, não consegue evitar todos os erros, nem consegue garantir que tudo saia perfeito sempre (mas, enfim, quem é que consegue, não é mesmo?).

Ao avaliar estes conceitos, temos que a pessoa ansiosa faz o mesmo que a pessoa tranquila, só que de forma exagerada, pesada, custosa e menos eficiente. Já o desleixado não é uma pessoa verdadeiramente calma, embora aparente: sua tranquilidade apenas se sustenta enquanto ele não encara o desafio. 

Ser uma pessoa mais realista e mais tranquila não vai fazer com que você consiga evitar todos os problemas, mas vai ajudar a focar nos principais e a resolvê-los (nossa mente consegue fazer análises mais confiáveis quando não está tomada por pensamentos de ansiedade).

Se preocupar com tudo não vai te ajudar a prever todos os erros e  nem a focar nos mais prováveis (embora pareça que sim).

Então, proponho uma nova lista de conceitos:

ser excessivamente preocupado = ser exagerado e ineficiente

ser desleixado = ser descuidado e  ficar tranquilo até certo ponto 

ser calmo =  ser mais realista e focar no que vale a pena, sem acertar tudo sempre


O que parece mais vantajoso pra você?

Ana Carolina Diethelm Kley
anacdkley@hotmail.com
Para me adicionar no Twitter: @AnaDKley









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