quarta-feira, 4 de abril de 2012

Preocupações podem ser úteis, ou não

O problema, na realidade, é que todas parecem muito úteis e só algumas são de verdade.

Já expliquei a diferença entre uma preocupação realmente produtiva e outra improdutiva neste post aqui.

Mas acho sempre útil perceber as nossas preocupações e classificá-las. Afinal, conseguir diferenciá-las com uma certa naturalidade depende de treino, de entender o que é ou não realmente digno de atenção.

Coloco abaixo exemplos do que quero dizer:

Preocupações produtivas e porque achei que eram produtivas:

"E se eu não souber chegar na festa?" = preocupação produtiva, pois é realmente provável de acontecer (nunca estive lá), depende de mim fazer algo para que eu consiga chegar ao local (ação: jogar o endereço no google maps e entender o trajeto) e é algo que eu posso fazer agora

"E se minha roupa não estiver adequada?" = preocupação produtiva, pois é uma festa que eu não costumo ir (formatura) e posso me sentir sem jeito se for mal arrumada, depende de mim fazer algo para que eu me sinta bem (ação: verificar com quem está organizando a festa que tipo de roupa é preciso usar) e é algo que eu posso fazer agora

Então, uma vez que eu consigo enxergar o problema, a ação que pode encaminhá-lo (e que depende de mim), coloco a mão na massa e consigo me acalmar, tirando a preocupação da cabeça.


Preocupações improdutivas e porque achei que eram improdutivas:

"E se o pneu do carro furar a caminho da festa?" = inicialmente, pareceu-me produtiva, pois me levou a uma ação (levar o carro ao mecânico para que ele visse como estavam meus pneus). A partir do momento em que não havia mais nada a ser feito e a preocupação continuava, ela se tornou improdutiva, afinal, evitar um imprevisto não depende de mim, além de que é improvável que isso venha a acontecer já que meus pneus estão bons. E, na pior das hipóteses, se isso acontecesse, chamaria o seguro.  Não há porque continuar investindo energia neste pensamento, então, penso em outras coisas.

"E se as pessoas não gostarem de mim na festa?" = pensei, pensei e pensei e não achei nenhuma ação que dependesse de mim, que não evitar ser agressiva com os outros ou destratá-los, o que provavelmente me levaria a algum tipo de rejeição. Fora isso, não tenho o que fazer. Suponho que esta ideia seja algo improvável, já que, no geral, minha presença não é rechaçada como supõe o pensamento (avaliando outras situações). Não tenho como prever o comportamento de todos da festa. Então, parece mais útil colocar minha atenção em algo que eu posso fazer.

Com estes exemplos, espero que tenha ficado um pouco mais claro como diferenciar uma preocupação para a qual vale a pena dar ouvidos de outra que não vale, embora dê a entender que sim.  Se com este post tiver conseguido passar a ideia de que existem preocupações que devemos dar atenção e outras que não, já fico feliz.

Ana Carolina Diethelm Kley
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