sexta-feira, 23 de maio de 2014

DAI

Esta é a sigla para Decisões Aparentemente Insignificantes, um conceito que aprendi numa aula excelente dada pela psicóloga especialista em dependência química Neide Zanelatto.
 
O exemplo que ela deu em aula ajuda bastante a entender o que são e os efeitos deste tipo de decisão: houve um tempo em que era permitido fumar nos aviões e, por causa disso, existia uma área para fumantes e outra para não fumantes. Um certo rapaz em processo de parar de fumar foi viajar e, ao fazer seu check in, perguntaram em que área ele preferia ficar e ele respondeu "qualquer uma". Sendo assim, como a maior parte das pessoas queria ficar na área de não fumantes, a funcionária acabou colocando-o na área de fumantes. E lá foi ele.
 
Sentou-se e esperou. Antes do avião decolar, sua vizinha de assento estava bastante nervosa por causa do vôo (ela tinha medo de avião) e adivinha o que ela decidiu fazer para se acalmar? Sim, ela pegou um cigarro. E não foi só iss: ela também ofereceu-o a este distino rapaz que pensou "ah, é só um, eu também estou nervoso e preciso me acalmar" e resolveu aceitar. Foi assim que ele teve uma recaída e voltou a fumar.
 
Qual foi a decisão aparantemente inofensiva que o ajudou a sair do caminho?
 
 
 
 
 
(Este espaço maior é proposital, para dar "tempo" para pensar antes de ver a resposta)
 
Algumas pessoas podem ter dificuldade em enxergar a resposta porque, afinal, as DAI são muito disfarçadas.
 
Neste caso, a DAI foi ele ter dito "tanto faz" quando a funcionária perguntou onde ele queria ficar. Se ele tivesse escolhido a área de não fumantes, teria evitado uma situação muito propensa a recaídas. De inofensiva aquela decisão não tinha nada, fora a aparência.
 
Este tipo de situação não acontece só que com quem quer parar de fumar ou usar drogas, mas com qualquer pessoa que tenha uma meta na vida.
 
E como podemos perceber se a decisão que estamos prestes a tomar é algo, de fato, indolor? É preciso colocar atenção nas possíveis consequências daquilo (sem idealizações) e levar em consideração as nossas reais possibilidades. No caso do fumante, provavelmente, ele deve ter pensado que conseguiria resistir com tranquilidade ao cheiro do cigarro ou que ninguém ofereceria nada a ele, condições perfeitas no mundo ideal, mas pouco prováveis para quem estava parando de fumar e ficaria ao lado de fumantes.
 
As DAI colaboram para que as pessoas sabotem seus objetivos, deixem de ter os resultados esperados, fiquem frustradas e infelizes. Isso me parece motivo suficiente para ficar de olho nisso, não é mesmo?
 
Ana Carolina Diethelm Kley
Para me adicionar no Twitter: @AnaDKley

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