quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Tudo depende do que você "ouve" ou O caso da cafetereira

Outro dia, meu marido quis tomar café e foi até a cozinha.
 
Enquanto isso, fiquei na sala vendo TV. Aí, ele começou a demorar e eu perguntei se estava tudo bem. Um sonoro "sim" veio de lá. Mais tempo se passou e comecei a ouvir um som esquisito que vinha da cafeteira. Não aguentei: "você quer ajuda?". "Não, a cafetereira tá com um problema, mas vou dar um jeito", respondeu ele. Aí, como eu via que o barulho continuava, perguntei pela segunda vez se ele queria ajuda, toda solícita. Dessa vez, o "não" veio mais forte, com um tom levemente mais grave, o suficiente para eu perceber que ele estava um pouco irritado.
 
Enfim, o café saiu, meu marido voltou para a sala e me encontrou tranquila, assistindo a um filme.
 
Fim.
 
Na realidade, não foi o fim. Algum tempo depois, ele me pediu para não fazer mais aquilo.
 
"Aquilo" era ficar oferecendo ajuda numa coisa que ele estava dando um jeito, pois passava a imagem de que ele não era capaz de mexer em algo tão simples quanto uma cafeteira sozinho. O pedido de ajuda foi visto como algo ofensivo.
 
E por que resolvi escrever sobre isso aqui no blog? Porque este é um excelente exemplo de como o que sentimos depende da maneira como interpretamos o que acontece (tem a ver com nossos pensamentos), e não da situação em si.
 
Afinal, eu só ofereci ajuda porque, para mim, essa é uma maneira de mostrar cuidado e carinho, de dizer que ele poderia contar comigo até para as coisas mais simples. Lindo, não é? Depende. Depende se quem recebe aquele ato interpreta assim também.  
 
E eu percebi, neste dia, que meu marido tem outro dicionário. Achei essa experiência ótima e, desde então, só o ajudo quando ele pede. Descaso? Não! Respeito pela maneira dele pensar e ser. Afinal, isso também é gostar, não é? 
 
Além disso, neste caso, podemos enxergar a tal da telepatia. Onde? Eu pressupus que essa minha atitude significaria para ele o mesmo que pra mim. Ledo engano... Uma ideia muito comum é de que "quanto mais intimidade, menos novidade", como se não fosse possível nos surpreender com aqueles que são mais próximos. Mas é aí que mora o perigo, porque não nos abrimos para enxergar (ouvir!) além e entramos no automático.
 
Na hora, me senti um pouco incompreendida. Depois, pensei melhor e vi que, na realidade, só precisava ajustar os "idiomas".  Da mesma maneira como essa experiência foi útil pra mim (o casamento agradece!), espero que ela seja útil para você também, caro leitor.
 
Até o próximo post ou, quem sabe, próximo causo.
 
Ana Carolina Diethelm Kley
Para me adicionar no Twitter: @AnaDKley
 

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