quinta-feira, 2 de abril de 2015

Autocobrança: até onde ela te ajuda?

Em relação à autocobrança parece existir uma divisão: aqueles que acham que se cobrar é sinal de responsabilidade e ambição na vida e aqueles que enxergam isso como um fardo, algo que gostariam de diminuir.
 
Quem está certo?
 
Até que ponto a autocobrança estimula (de verdade)?
 
Minha opinião de psicóloga, que vê todo dia isso no consultório, é que as pessoas podem não enxergar o que de fato acontece.
 
O que as pessoas vêem: eu me cobro para que eu tenha motivação para seguir adiante, para que eu consiga cada vez mais resultados, para que eu não me acomode e meu trabalho seja cada vez melhor, para que eu possa crescer profissionalmente e como pessoa.
 
O que eu vejo: muita gente se colocando metas que não são reais, se exigindo mais do que qualquer ser humano seria capaz de fazer, não levando em conta seus acertos e qualidades, focando (quase exclusivamente) o que ainda não está bom, se recriminando porque as coisas já deveriam estar melhores (mesmo não havendo condições prévias reais pra isso) e tudo isso sem enxergar o perfeccionismo e a rigidez inerentes a estes comentários.
 
A autocobrança exagerada se apóia em ilusões: não tenho limites, dou um jeito em tudo, se eu for realmente competente, consigo fazer qualquer coisa e fazer bem, não tenho variações de humor nem de disposição, sou capaz de ficar imune a quaisquer outros problemas e continuar fazendo bem meu trabalho. Você conhece alguém capaz neste nível?
 
Eu não.
 
E resolvi escrever este post para alertar que, segundo a lei de Yerkes-Dodson (feita lá em 1908 e desconhecida por muitos até hoje), o estresse (gerado por pressão externa /eou interna) e a produtividade não são diretamente proporcionais o tempo inteiro. Trocando em miúdos, significa que a partir de um certo nível de pressão, a produtividade começa a cair inevitavelmente.
 
Sendo ainda mais direta, se cobrar excessivamente trará exatamente o que você não quer: resultados ruins.
 
Um dos sinais de que isso está acontecendo é  ter constantemente a ideia "tá bom, mas poderia estar melhor".
 
E uma das grandes saídas pra isso:  ser mais compreensivo consigo. É fácil? Talvez não seja, mas é uma questão de treino. E olhando para os benefícios disso, até que se esforçar para chegar lá pode não parecer tão ruim.
 
Ana Carolina Diethelm Kley
Para me adicionar no Twitter: @AnaDKley
 

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